Tenho essa mania de assistir aos filmes estrangeiros mais absolutamente aleatórios que consigo achar. Já passei por cinema Sérvio aos confins do alternativo alemão, passando pelos mais recentes franceses e por alguns espanhóis. Mas existe um que me agradou mais do que qualquer outro em muito tempo:
Maria e Lucas são irmãos idosos e viúvos. Lucas é daqueles velhinhos absolutamente adoráveis que vez ou outra delira e é acometido por imagens do passado – sua primeira e única paixão, Rosa, seus amigos de carpintaria, todos já mortos, os dias na praia, no barco, e situações semelhantes. María é viúva de um homem que morreu afogado, e talvez por isso ela goste tanto de passar tempo na banheira escrevendo histórias e lembrando do noivo. Também é absolutamente adorável, sempre sorridente e fraternal, como aquelas pessoas que você gostaria de adotar para si só pra tê-la por perto sempre que quiser.
Marcos está ligeiramente perturbado; saiu de casa por conflitos familiares e vagava pela cidade até que conhece Lucas e passa a acompanhá-lo em suas andanças pela cidade. Ouve suas histórias, seus conselhos e lhe faz a companhia que um velhinho adorável precisa. Até que conhece Roma, a criatura simplesmente mais absolutamente linda e impecável da face dessa Terra. Se houver uma alma gêmea nessa mundo, certamente é essa menina. Roma se junta então ao grupo e os 4 são perfeitamente adoráveis juntos.
O mais confortável e bonito nesse filme é que todos estão sempre sorrindo. Lucas às vezes lembra de estar na estação do bonde com Rosa, e ela lhe dá um beijo de despedida. Ele se pega, então, lembrando daquele beijo com o maior amor e inocência que uma pessoa pode ter. Mais tarde, pergunta a Marcos “sua namorada lhe dá todos os beijos que você quer?”, no que ele responde “sim”. “Que bom! Que bom! Rosa costuma ser econômica comigo…” e você simplesmente se vê querendo abraçar sua televisão.
O filme não tem um ápice, uma história com início, meio e fim. Ela simplesmente acontece, e você se sente perfeitamente à vontade em apenas acompanhar a história daquele velhinho tão simpático.
Imagino que dos, sei lá, 5 leitores que esse blog tem, apenas 3 chegaram ao final desse texto – os outros 2 desistiram ao ver que era falando de um filme. Vocês 2, amigos, baixem-no e hão de me agradecer.
o filme é mesmo uma graça e os personagens são simplesmente encantadores.. ótima indicação, obrigada! ❤